quarta-feira, 22 de maio de 2013

Análise Retórica - Amor e Morte



            Em sua obra “amor e morte”, Enrico Ferri se utiliza de diversos meios de persuasão em seu discurso, visando à diminuição de pena do réu, vista da impossibilidade de obter a sua absolvição. A analise retórica desse texto é interessante, pois com ele temos a oportunidade de apreciar diversos exemplos de sofismas e argumentos, voltados para convencer e induzir o leitor, a concordar com a tese exposta.
            Logo no começo do julgamento, enquanto discorria sobre os fatos, Ferri diz: “... porque eu julgo que, tanto na vida social quanto na vida judiciária, dizer a verdade, talvez seja um luxo dispendioso, mas é também, o melhor caminho, não só para poupar tempo a quem tem muitas outras coisas a fazer, e que não terá, assim, de recordar-se de todas as mentiras que teria de arquitetar, como também, porque, em substancia, quando o palpitar das coisas e como o deste caso, expor por inteiro, clara e limpidamente a verdade, ainda é a forma mais persuasiva da eloqüência...”
            O trecho citado demonstra claramente a busca pelo fortalecimento de seu “Ethos”, teoria de Aristóteles que visa realçar a figura do orador como pessoa íntegra, dotada de honra, conhecimento, sinceridade. Nesta passagem e em tantas outras, Ferri se manifesta buscando sempre passar uma imagem de um orador digno de confiança e credibilidade.
            Já seu “Logos”, tipo de estruturação da dialética, como por exemplo, o uso de repetições, narrativas e ilustrações, entre outros recursos, fica marcado quando o autor fala sobre como o amor pode “caminhar” juntamente com a morte. Pois, as verdades dos fatos, ou talvez, o que chega mais perto da verdade, é o pensamento que ele coloca em seu discurso, o que traz em todo o processo é que, se Cienfuegos a matou é porque a amava, mas a matou porque estava na fase do amor sensual, a “Venus Lasciva” que na verdade o que o instigou a isso foi ela própria. Encerra o ainda dizendo: “Amor e crime nasceram gêmeos, inseparáveis como o corpo da sombra”
            A manipulação do Pathos do auditório evidencia-se praticamente em seu discurso todo. Pois, Ferri está a defender o réu, portanto existe uma tentativa constante em predispor os jurados a favor do réu, isso fica evidente quando ele discursa: “Cienfuegos saiu de sua civilização quase insular, com o seu temperamento de raça crioula, ingênuo, ardente e primitivo...” A partir dessa passagem, podemos observar que o sua intenção era chamar a atenção dos jurados para a pessoa que havia dentro do réu, para conseguir assim tirar o foco do crime mostrando quem ele era antes de cometer o assassinato.
            Para concluirmos a analise do discurso de Ferri, devemos observar falácias e os argumentos que agem diretamente na emoção da platéia, alguns exemplos são: "Como dizia o poeta, a mulher tem duas caras: uma de anjo e outra de demônio."; "diz a sabedoria popular que os juizes se devem colocar dos que são julgados..."; "Nossos poetas latinos, tão profundos na descrição dos sentimentos dos homens, na analise magnifica da personalidade humana, diziam que o odio é vizinho do amor, é o caso do Propércio" 
            Assim fica claro que a defesa baseou-se na lógica da argumentação, e focou-se principalmente no uso da emoção, pois diante de um crime passional foi a tese que seria mais verossímil aos olhos dos jurados.

4 comentários:

  1. Muito bom, fácil leitura estrutura bem montada,fácil entendimento,parabéns.

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  2. Parabéns!!
    Um ótimo blog, de fácil entendimento com argumentação e lógica bem explicativos.
    Um trabalho bem estruturado, parabéns, para os alunos e para a orientadora.

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  3. Está muito bom o site, os textos, os videos! Parabéns!

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